Morte habitual.


    Acho que sempre achamos que nada ruim vai acontecer com a gente né? Que prosseguiremos invictos, a não ser por uma ou outra morte. Diariamente, vemos acidentes e mortes sendo notificados em jornais e outros meios sociais. São tantas mortes, que acaba se tornando normal. São tantas mortes, que acaba parecendo que nunca acontecerá com a gente. São tantas mortes, que não nos afeta.
    Mas ai chega a noticia. E ai cai a ficha. E ai pensamos nas tantas pessoas que morrem diariamente em nossa cidade, país, mundo. Nas famílias que sofrem, mães que oram, irmãos que se lamentam e pais que choram. Pensamos na dor. Na dor. E na dor.
    Porque dói na gente. E isso faz a gente ver a dor dos outros. E parece que uma hora a dor vai embora, mas ela só aumenta. E alimenta-se. E quando enfim aceitamos ela, temos um buraco vazio dentro de nós sugando toda a energia vital. E com a morte ou sem a morte, os dias prosseguem. E o sol nasce, chove e o tempo passa... Como se nada houvesse acontecido.
    Mas dentro de nós, o luto continua. Os dias já não são mais normais. Já não existe mais aquela pessoa que te faz sorrir, que te faz viver. Só há dor. Dor. E dor. E dói. E parece que nunca vai parar de doer.